Tenho observado que se vive a plena
decadência de muitos valores que representam a boa saúde psíquica, moral,
sentimental, institucional, organizacional e social das pessoas. Refiro-me às
preferências que têm sido alvo, tanto da massa populacional que acessa as
muitas informações disponíveis nos mais variados meios de comunicação, quanto por
parte dos meios informativos que escolhem o que noticiar.
Claro que temos felizes exceções em
algumas instituições profissionais jornalísticas e educacionais que optam pela
construção cognitiva e intelectual na grande maioria das matérias e exposições
que fazem, mas infelizmente, o vender aquilo que dá audiência e “popularidade”,
faz apologia à uma “cultura inútil” que propaga-se indiscriminadamente.
Os que patrocinam as informações
atraem os consumidores para a armadilha de promover aquilo que vende para que
vendam seus produtos, ademais: “o que importa
o caos que se está construindo com o programa, ou a informação, se nos
intervalos, ou mesmo junto com a informação o meu produto está em evidência?”.
Esse “oba! Oba!” ainda prevalece e copta cada vez
mais adeptos; a ideia “vamos viver o aqui e o agora” sem pensar no que
determinados comportamentos e posições acarretarão, domina até mesmo as mentes
dos representantes sociais que inconsequentemente viajam em suas vaidades e não
costumam fazer o trabalho que lhes cabe.
Não importa para o consumidor
“Oba! Oba!”, ávido por novidades, se a informação representa algo construtivo,
ou colabora para reforçar e constituir valores virtuosos, pois se for “legal”,
satisfizer o ego e divertir, pode-se fazer, ainda que desagrade ou prejudique
aos outros. Junto a esta prática, saliento ainda, a perigosa e perniciosa prática
de dar notícias e informações inverídicas, que pulverizam as redes informativas
com o intuito somente de prejudicar e ludibriar os incautos sobre determinado
assunto.
Essa maneira de lidar com as
pessoas é criminosa e devasta o crescimento pessoal e, claro, o crescimento de uma
sociedade forte e com senso crítico avaliativo e ponderado. Essa maneira cria
seres imediatistas, pressionados pelo tempo por conta de vozes que propagam que
“tempo é dinheiro” e não se pode desperdiça-lo com o ócio, com o meditar a
respeito do que é bom ou não, daquilo que é ou não construtivo, de pensar um
pouco mais coletivamente. Resultado disso? Pensamentos e conclusões, na maioria
das vezes, prejudicados e que enveredam por caminhos sombrios e tortuosos.
Em pesquisa patrocinada pelas
empresas que administram sites de internet os dez mais procurados são sites de
relacionamento; o primeiro site de cultura e educação está em 21º lugar. Essa
estatística revela alguns indícios sobre preferir relacionar-se virtualmente em
vez de pessoalmente. Perfis falsos, golpes pela internet, crimes via encontros
promovidos por relacionamentos começados no PC etc. são comuns. Podemos
concluir também que a busca por algo que envolve cultura intelectual não
interessa como, particularmente, entendo que deveria e melhoraria
consideravelmente a maturidade critica das pessoas por conta daquilo que lhes é
apresentado no cotidiano. Precisa-se estar preparado para filtrar as
informações!
A educação familiar também tem suas
responsabilidades a esse respeito. Pais admitem seus filhos conversando mais
com os colegas da escola e com seu PC do que com aqueles com quem convivem. Não
se recebe e nem se busca conselhos dos mais velhos, mas sim daqueles que
comungam da mesma idade, e que, em tese, não possuem experiência suficiente
para decisões a respeito das novidades nas muitas fases da vida.
Tem-se ao nosso favor, além da
perspicácia ao pintar este quadro, a capacidade de viabilizar atenuantes
eficazes para combater, mesmo que de forma incipiente, esta marcha em direção à
distorção acelerada de valores e da moral que, infelizmente, dia após dia, toma
contornos de normalidade e, por omissão de muitos, de normalidade.
É hora de pensar sobre isso ou
não? Somente espantados e boquiabertos nada vai se resolver. Que tal começar em
casa e nos outros meios em que se tem voz e contribui-se de uma forma ou de
outra. Encaminhar pessoas ao conhecimento de assuntos e de informações que
agreguem valor de forma construtiva que atinja primeiro a alma, para depois
atingir suas responsabilidades e esclarecer sobre o direito de todos.
Precisa-se ter ideia da
contribuição de cada um em relação ao todo, para que o consumo seja
consequência do filtro do senso crítico e da avaliação não precipitada de cada
parte do todo. A decadência de valores é fruto da negligência no tratamento que
o coração de cada pessoa deve ter, levando em conta o outro e sabendo que cada
um é um tijolo importante na construção social da qual se faz parte.
- Feliz 2015. materia HELDON MENEZES
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